18 de jul. de 2009

Feola, a voz
da serenidade


Q
uando vejo, pela televisão ou ao vivo, técnicos de futebol indo ao desespero, à borda do campo na iminência de um ataque cardíaco, lembro-me daquela figura serena de Vicente Feola, que comandou a seleção brasileira, no primeiro título de campeão mundial, em 1958, na Suécia. Sentado e calado no banco de reservas, Feola parecia alheio ao que ocorria dentro de campo. Nem tanto. Muitos jornalistas diziam que até dormir, ele dormia, durante os jogos. E eu engolia essa versão. Tudo mentira.

Lendo a crônica de Dagomir Marquezi, publicada na revista Placar, fiquei sabendo da importância de Vicente Feola para a conquista da Copa do Mundo, desde a tragédia de 1950, quando perdemos por 2X1, no jogo final para o Uruguai, em pleno Maracanã.
Feola não dormia no banco de reservas. O problema é que ele, além da obesidade, tinha doenças cardíacas e o obrigava que ele tomasse remédios e que provocavam sonolência. Às vezes, fechava os olhos até que passasse a forte dor dos ataques de angina.
Outra versão que eu tinha como verdade, refere-se a escalação de Pelé, no time, numa imposição dos líderes da equipe (Nilton Santos, Didi). Não é verdade.




Segundo Dagomir Marquezi, Feola pensou num time-básico para sua seleção – e nela estava incluído o garoto de 17 anos, chamado Edson Arantes do Nascimento.
Vejam o relato de Dagomir: “Num jogo-treino, contra o time de Corinthians, Pelé levou uma entrada feia do zagueiro Ari Clemente. Para o dirigente máximo da seleção, Pelé teria que ser substituído. Feola insistiu para que Pelé fosse convocado, mesmo sem condições de jogo. Até que Pelé ganhou a vaga e se recuperou durante a Copa, sendo um dos artilheiros do time”.

Quando Feola faleceu, em 1975, o capitão Belini, o primeiro brasileiro a levantar a taça Jules Rimet, deu um depoimento mais exato sobre Feola para a conquista daquela Copa do Mundo: “Feola ganhou a Copa de 1958, porque conseguia tudo dos jogadores, dando-lhes liberdade para discutir, criticar, sugerir”.

Feola, um belo exemplo, porém pouco assimilado pelos técnicos que o sucederam no comando da seleção brasileira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário