SINGULAR é uma revista virtual antenada com o que acontece por aí nos mais variados matizes. E editada pelo jornalista Eliézer Rodrigues.
14 de jun. de 2009
Jessier Quirino
Massageando almas
“Vou-me embora pro passado
Pra não viver sufocado
Pra não morrer poluído
Pra não morar enjaulado
Lá não se vê violência
Nem droga nem tanto mau
Não se vê tanto barulho
Nem asfalto nem entulho
No passado é outro astral
Se eu tiver qualquer saudade
Escreverei pro presente
E quando eu estiver cansado
Da jornada, do batente
Terei uma cama Patente
Daquelas do selo azul
Num quarto calmo e seguro
Onde ali descansarei
Lá sou amigo do rei
Lá, tem muito mais futuro
Vou-me embora pro passado”
Trecho do poema Vou-me embora pro passado, de Jessier Quirino.
Ele se considera arquiteto por profissão, poeta por vocação, matuto por convicção, é paraibano de Campina Grande e filho adotivo de Itabaiana, onde reside há 20 anos. Animador e conversador das coisas do sertão, Jessier Quirino é dono de verve poética em que a inspiração, a espiritualidade se aconchegam à hilaridade de causos e vivências sertanejas. O poeta foi mais longe, quando rompeu as fronteiras de alma veneradoras do passado, concebendo o poema Vou-me embora passado.
E, foi entrevistado pela Singular:
Como surgiu Vou-me embora pro passado?
Eu sou meio saudosista. Às vezes, até penso que nasci na era errada. E sempre tive muito interesse por objeto de decoração e sempre olho isso, com um olhar muito muito terno.E em uma certa ocasião, vendo revistas, como O Cruzeiro e coleção da Coletânea que uma revista que papai me deu, vi aquelas propagandas, e fui para essa linha. E como gosto muito de fazer jogo de palavras e utilizar paráfrase, criei Secas de Março, em cima de Águas de Março, de Tom Jobim..E para juntar essas coisas do passado, me agarrei na poesia de Manuel Bandeira, Vou embora pra passárgada. Aí, peguei, e criei Vou-me embora pro passado. Foi um trabalho de pesquisa, folheando revistas, livros, coisas da minha época e de outros tempos antigos. E isso tem massageado a alma da muita gente por aí.
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