17 de jun. de 2009


Frei Betto e o celibato
Admiro, há tempos, o escritor e frade dominicano Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto. Possuidor de discurso ponderado, porém firme e altivo. Amigo dos mais próximos do presidente Lula, Frei Betto até se dispôs a ajudar o ex-metalúrgico, no início do seu primeiro governo, como assessor especial da Presidência da República.
Colaborou a costurar o projeto Fome Zero (lembram-se do trololó publicitário ufanista, logo após a posse de Lula, anunciando que a fome seria extinta dos lares da grande maioria dos brasileiros?). O Fome Zero não matou fome de ninguém, sequer saiu do papel e, um ano depois, veio o Bolsa-Família.
Frei Betto pulou fora do barco, dizendo que o governo “trocou um projeto de nação por um projeto de poder”.
Agora, Frei Betto encara um debate delicado, no âmbito da Igreja Católica: a duplicidade de atitudes que o celibato favorece- desde a prática hedionda da pedofilia, o relacionamento homossexual, passando pela discreta paternidade de padres e bispos.
Amigo do presidente do Paraguai, Frei Betto opinou recentemente (revista Poder) sobre os alardeados casos de paternidade do bispo Fernando Lugo, indo à entranha da questão: o celibato.
Segundo ele o celibato sacerdotal não resulta de uma exigência de Jesus, “tanto que os evangelhos registram ter ele curado a sogra de Pedro (Marcos 1,30-31). Se tinha sogra, Pedro, escolhido como primeiro papa, também tinha mulher.
O celibato, como exigência para se tornar padre, foi oficializado na Igreja Católica a partir do século 13. Embora, nas últimas décadas, a igreja tenha sido duramente afetada por denúncias de pedofilia, e perdido muitas vocações sacerdotais por não admitir padres casados, o Vaticano persiste em recusar a debater o tema. Muito difícil ainda é admitir que as mulheres possam exercer funções sacerdotais...”
E continua Frei Betto, dizendo que o caso de Lugo não é raridade.
“Há, no Brasil, padres com filhos e, por não terem contraído matrimônio com as mães, permanecem em suas funções sacerdotais com anuência de seus bispos”.
Finalizando, Frei Betto completa: “Tomara que os filhos de Lugo ajudem a Igreja Católica a separar vocação ao celibato de vocação ao sacerdócio e ser, com os seus, menos madrasta de histórias em quadrinhos e mais mãe, que jamais abandona ou nega afeto a quem gerou”.
É isso aí.

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