30 de mai. de 2009



Vexame de saudade

Quando passo pela avenida Santos Dumont, sinto um vexame de saudade, por não ver mais o Castelo do Plácido, derrubado no início da década de 70, do século passado. Algo assim, déjà vu, relembrando recortes do passado. Aquela imensidão de arquitetura, abandonada, soturna, porém bela, era peça única, na paisagem de Fortaleza. E, olhando de longe, ficava eu a imaginar, o motivo da construção de um castelo, edificação tão esquisita, no panorama urbano da cidade. O medo chegava de soslaio, ajudando a imaginar histórias como aquelas acontecidas no Castelo de Frankenstein, relatadas no romance de Mary Shelley, sobre as pesquisas de Victor Frankenstein para construir um monstro, em seu laboratório. Castelo mal-assombrado? Ali, já moraram reis, rainhas, princesas, duques ou descendentes de famílias reais? Na minha imaginação, sobravam asas.
Tudo invenções pueris.
Corre a história, segundo a qual, o rico comerciante cearense Plácido Carvalho, em viagem à Europa, no começo do século XX, apaixonou-se pela italiana Maria Pierina Giovanni. A pretendida condicionou o casamento e vir morar em Fortaleza, caso ele construísse um castelo, copiado de uma planta de modelo italiano, réplica de um existente em Toscana.
E assim foi feito.
Plácido também contratou, anos depois, o húngaro Emílio Hinko para construir, nas redondezas do castelo (quadrilátero das ruas Costa Barros, Monsenhor Bruno, Carlos Vasconcelos e avenida Santos Dumont), seis mansões.
Depois da morte do proprietário do castelo, o húngaro casou-se com a viúva. Após a morte da italiana Pierina, em 1958, Hinko herdou seus imóveis.
Em 1970, o Castelo do Plácido foi vendido ao Grupo Romcy, que o derrubou. Anos depois, o grupo faliu e o terreno foi comprado pelo Estado que construiu a Central de Artesanato Luíza Távora.

Um comentário:

  1. Bom, no meu caso, vexame não de saudade, mas de curiosidade...coincidentemente, hoje passei pela pracinha da Ceart e, agora, ao ler essa matéria, fico aqui imaginando o castelo naquele lugar... e mais, fico imaginando também a demolição do patrimônio. Infelizmente minha vinda ao mundo demorou demais para que eu pudesse conhecê-lo em carne e ossos, tijolos e cimento...

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