28 de mai. de 2009


O refúgio da garça

Li no Wikipédia/internet, que as garças vivem aos bandos, frequentam rios, lagoas, charcos, praias ou manguezais de pouca salinidade, e se alimentam principalmente de peixes, de sapos e de outros animais aquáticos. Todavia, conheço uma que me deixa encasquetado, na tentativa de decifrar o porquê de sua solidão. Pelo menos, posso oferecer testemunho sobre um dos seus hábitos solitários: ela “bate ponto”, entre seis e sete horas da manhã, na lagoa do Papicu, perto do meu apê. Depois, voa , sabe Deus pra onde.
Vai juntar-se ao bando, reencontrando o aconchego do parceiro? Ou será que prefere apreciar a cidade com os próprios olhos, sem outros a lhes fazer companhia? São incógnitas, que também passeiam pela minha imaginação.
Outro dia, vi no jornal, que as garças de plumagem branca, é o caso dela, adoram comer peixes, e até convivem, harmoniosamente, com pescadores em áreas de melhores cardumes, Mas, na lagoa do Papicu, há muito tempo, os pescadores desapareceram, pois os peixes sumiram, tal o elevado índice de poluição, principalmente pelos sumidouros canalizadores de porcarias.
Arrisco um palpite: será a bela paisagem da lagoa do Papicu que a encanta? Pena que o deslumbre poderá fenecer, pois o recente serviço de limpeza, feito pela Prefeitura, tornou-se inútil, com o avanço devastador do mato e do lixo lagoa adentro, voltando a enfeiar aquele pedaço da natureza. Caso o panorama aquático desapareça, a garça, com certeza, baterá asas, em busca de outro refúgio para curtir sua solidão.
E, ela sumiu.
A foto, fiz há anos.

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