7 de jul. de 2009



Tom Jobim e a vaia de 68


1968 foi um ano de turbulência político-social, no Brasil E na artes, nem se fala, principalmente na música, época dos festivais. Naquele ano aconteceu o Festival Internacional da Canção (FIC) e a música representativa do Brasil para a fase internacional foi Sabiá, de Chico Buarque e Tom Jobim, vencendo na fase nacional a composição Pra não dizer que não falei de Flores, de Geraldo Vandré, a preferida do público, de grande apelo popular, pois era um hino contra a ditadura militar, então vigente. Sabiá ganhou. Pois era uma música mais lírica e menos impactante, interpretada por Cynara e Cybele, e que falava do exílio, e que muitos artistas e intelectuais estavam sendo (e iriam ser num futuro próximo) submetidos. Todavia, foi vaiadíssima pelo público.
Li recentemente, o livro O Som do Pasquim, que republica entrevistas históricas feitas com artistas. E na concedida por Tom Jobim, realizada em 1969, um ano depois do Festival, ele, simplesmente, minimizou o acontecido da vaia que sua música tomou, no Maracanãzinho, e até diminuiu, a beleza e importância da composição.
O que disse Tom: “ Então pra não ser do júri, como fui convidado, eu peguei uma música toda complicada, cheia de modulações, nada popular, e botei lá pra me livrar. Estava certo que não chegaria à fase nacional e cheguei. Quando eu senti a barra do Festival, pedi socorro ao Chico Buarque. Ele estava em Roma, coitadinho, e veio; bebeu lá no avião, aí bebemos no Maracanãzinho. Aquela passarela do Maracanãzinho é muito curva, íngrime; o sapato de verniz nunca tinha sido usado, era aquele que escorrega mesmo. Então, nós nos demos as mãos e tentamos chegar lá embaixo. Agora, interpretar a vaia ou aplausos é um negócio muito difícil”.

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