10 de mai. de 2009

Wilson Simonal: sucesso e tragédia

Estreia, neste mês, nos cinemas, o documentário Simonal – Ninguém sabe o duro que dei, dirigido por Cláudio Manoel (um dos integrantes do programa humorístico Casseta & Planeta), Micael Langer e Calvito Leal. O filme faz um retrospecto da trajetória do sucesso à tragédia pessoal e artística de Wilson Simonal (1935/2.000), cantor que durante cinco anos entre 1966 e 1971 empolgava multidões, e só perdia em popularidade para Roberto Carlos, naquela época o “rei” da Jovem Guarda.

O mundo começou a desabar para Simonal por conta de um episódio controvertido, em 71: desconfiando que o seu contador, Rafael Viviani, estava lhe roubando (ele ganhava muito dinheiro e fizera um contrato de patrocínio com a Shell - o maior do Brasil, naquela época). O artista chamou policiais civis do Dops (Departamento de Ordem Política e Social – órgão repressor da ditadura militar - 1964/1985), para aplicarem uma surra no suposto ladrão.
Denunciados à polícia pela vítima, o próprio Simonal foi detido por 12 dias e apontado como “informante do Dops”.
Por inveja e preconceito a esquerda, segmentada no meio artístico e jornalístico, caiu de pau em cima do criolo famoso.
A carreira gloriosa acabava ali. Virou alcoólatra, e até é morrer, traumatizado, o artista perseguido ficou 37 anos no ostracismo, sem cantar, vender disco, e com todas as portas fechadas.
Marginalizado como um leproso. Considerado um dedo-duro no meio artístico, a serviço da ditadura.
Porém, nunca foi provado que ele denunciava colegas de profissão. Em 2003, a pedido da família, a Secretaria Nacional de Direitos Humanos informou que não existia nenhuma prova de que Simonal tivesse servido à ditadura. Até a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) o reabilitou simbolicamente.
Pelo que já li sobre o filme, os dois filhos do cantor (Max de Castro e Wilson Simoninha, também artistas) não gostaram do documentário, pois, para eles, a história do pai está incompleta, principalmente porque quem aparece nas cenas finais é o dito contador Rafael Viviani, pivô de todo linchamento pessoal e artístico de Simonal. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Max afirmou: “Não há contra-argumento depois do depoimento do contador. E a coisa não é tão simples assim”.

Veja o trailer do filme Simonal – Ninguém sabe o duro que dei,


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