“Jabuticaba chupa-se no pé”
Existe prazer mais doce na vida do que colher e saborear a fruta à sombra da própria árvore? Para quem mora em cidades tragadas por ondas imobiliárias, é um desejo quase impossível de ser realizado. A frustração surgiu, caros leitoras e leitores deste blog Singular , quando lia a revista Piauí e me deparei com um anúncio, provocador de água na boca. A dona Almira Morais, moradora do Sítio Palmar, Sabará/MG, estava alugando um pé de jabuticaba. Que coisa mais bucólica, uma peça publicitária oferecendo aos clientes a oportunidade de “comer as frutas debaixo do pé ou levar para casa”.
Até na formulação gráfica (tipologia de letras e desenho tosco), desprovido de efeitos visuais, o anúncio lembra os antigos “reclames” de pequenas lojas, publicados nos matutinos impressos. Naqueles tempos, os produtos eram ofertados à fiel clientela, como se anunciantes/consumidores, fossem vizinhos. A propaganda sacramentava amizades.
Como Sabará (município vizinho à Belo Horizonte) não “fica bem ali” de onde moro e a grana que ganho é despossuída de lastro financeiro que permitiria tal delícia (viajar só para comer jabuticaba na jabuticabeira), restou-me a fantasia do faz-de-conta. Conversei com dona Almira, via telefone, e ela disse que o anúncio, publicado na revista, funcionou. A emoção e a minha curiosidade só se acalmaram quando me socorri a outro mineiro, Carlos Drummond de Andrade, e pude imaginar o quanto é prazeroso degustar a jabuticaba, lendo o poema Menino Antigo:
“Atrás do grupo-escolar ficam as jabuticabeiras.
Estudar, a gente estuda. Mas depois,
ei, pessoal: furtar jabuticaba.
Jabuticaba chupa-se no pé.
O furto exaure-se no ato de furtar.
Consciência mais leve do que asa ao descer,
volto de mãos vazias para casa”.
Existe prazer mais doce na vida do que colher e saborear a fruta à sombra da própria árvore? Para quem mora em cidades tragadas por ondas imobiliárias, é um desejo quase impossível de ser realizado. A frustração surgiu, caros leitoras e leitores deste blog Singular , quando lia a revista Piauí e me deparei com um anúncio, provocador de água na boca. A dona Almira Morais, moradora do Sítio Palmar, Sabará/MG, estava alugando um pé de jabuticaba. Que coisa mais bucólica, uma peça publicitária oferecendo aos clientes a oportunidade de “comer as frutas debaixo do pé ou levar para casa”.
Até na formulação gráfica (tipologia de letras e desenho tosco), desprovido de efeitos visuais, o anúncio lembra os antigos “reclames” de pequenas lojas, publicados nos matutinos impressos. Naqueles tempos, os produtos eram ofertados à fiel clientela, como se anunciantes/consumidores, fossem vizinhos. A propaganda sacramentava amizades.
Como Sabará (município vizinho à Belo Horizonte) não “fica bem ali” de onde moro e a grana que ganho é despossuída de lastro financeiro que permitiria tal delícia (viajar só para comer jabuticaba na jabuticabeira), restou-me a fantasia do faz-de-conta. Conversei com dona Almira, via telefone, e ela disse que o anúncio, publicado na revista, funcionou. A emoção e a minha curiosidade só se acalmaram quando me socorri a outro mineiro, Carlos Drummond de Andrade, e pude imaginar o quanto é prazeroso degustar a jabuticaba, lendo o poema Menino Antigo:
“Atrás do grupo-escolar ficam as jabuticabeiras.
Estudar, a gente estuda. Mas depois,
ei, pessoal: furtar jabuticaba.
Jabuticaba chupa-se no pé.
O furto exaure-se no ato de furtar.
Consciência mais leve do que asa ao descer,
volto de mãos vazias para casa”.
Despertou minha curiosidade esse texto... Sempre que vou ao interior de SP...acabo em uma jabuticabeira!! Nada como o sabor de infância também....
ResponderExcluir