O tapioqueiro e o oftalmologista
Não sei de onde ele vem, onde mora, se tem amigos ou inimigos...nem seu nome, sei. Só testemunho, de segunda a sexta, o seu encontro, parece marcado, com outras pessoas, suas clientes.
Ele vende tapiocas. O que me chama atenção nesse passante anônimo que circula pela minha rua é a pontualidade, quase que absoluta. Quando o relógio marca 4 horas da tarde, daqui do meu ap. escuto uma voz, de timbre alto, mercadejando tapiocas e às vezes, também, pamonha e canjica. Ele só atrasa ou não vem quando chove, por aqui, a cântaros.
Nesses últimos dias, por obrigação de paciente, tenho que me deslocar até uma clínica oftalmológica, sempre acompanhado pela minha filha, a dedicada Eliégia. O exame do doutor é precedido de todo um ritual determinado pela atendente do consultório. Primeiro: a tal atendente liga, com um dia de antecedência da consulta, avisando que se deve chegar 15 minutos antes da consulta. Seria uma maravilha, caso o organograma de horário fosse cumprido. Isso não acontece: só mostro os meus olhos para o doutor, três ou quatro depois do horário acertado.
Que belo exemplo do tapioqueiro...
Caro Eliézer, ainda bem que seu médico não vende tapioca...
ResponderExcluirrecado desde o forte, sem tapioca e visões:
ResponderExcluirErodrigues. Escrito assim. Por conta de seu correio eletrônico ou por tê-lo transformado em personagem, assim passei a chamá-lo: ao telefone, por torpedos, por mensagens, alguns
anos depois que viabilizou a Revista Singular. Há muito nos conhecemos, desde as antigas noites no Bar do Vansan, quando ali existia na proximidade do Jornal O Povo, principalmente às quintas-feiras, antes ou depois do fechamento dos cadernos. Ali, a singularidade era a de um editor que se confirmou na danação posterior, na insistência de publicar sua própria revista. Isto é o que mais importa. Dela, tenha participado com algumas crônicas, sempre atento
às inusitadas sugestões de pauta, e às tentativas de me querer tornar um repórter de verdade. Mas a história agora é outra: a Singular entrou na rede, no éter, na onipresença dos ligados.
Demorou? Não importa. É mais uma janela para as visões alucinantes ou reais dos colaboradores e
leitores. Erodrigues, mais uma vez e mais ainda, singulariza o desejo de tornar permanente o que se dá à margem da cultura midiática. Alma grande. E tudo vale a pena!
jorge
pieiro, escritor, habitante de panaplo...
Bela maneira de demonstrar a fúria pela pasmaceira do clínico. Padrão Eliézer Rodrigues, bastante singular! Pepo Melo.
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