20 de mai. de 2009




Tudo por dinheiro

Acontece, nesta quarta-feira, dia 20, a reunião do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Paulo, para decidir se entra com uma ação cível contra o SBT, por expor a garota Maísa a algum tipo de constrangimento. Há dois domingos, a emissora exibe cenas em que a menina, seis anos, deixa o palco chorando, durante o quadro “Pergunte a Maísa”, no programa Silvio Santos.
Ora, ora, meus senhores, guardiões dos direitos da criança e do adolescente: somente agora, depois, que a menina passou por situações traumáticas, inclusive lesões corporais (bateu a cabeça, ao sair do palco, chorando), é que tal Conselho vai analisar o caso. Ela deveria ser impedida, isto sim, desde a sua primeira participação no programa, no ano passado, pois com essa idade, seis anos, não é permitido sequer trabalhar. Só a partir dos 14 anos.

SUCESSO PRECOCE

O que vem acontecendo com a pequena Maísa é recorrente a outros casos de crianças que precocemente chegaram ao estrelato e depois sumiram de cena. E o pior: algumas traumatizadas. O caso dela é muito mais grave, pois está acontecendo, no auge da carreira infantil. E as sequelas?
O exemplo mais distante é o de Jackie Coogan, que aos sete anos de idade co-estrelou, ao lado de Charles Chaplin, em 1921, o clássico do cinema mudo, “O Garoto”. Foi um dos astros mais bem pagos do cinema, chegando a faturar quatro milhões de dólares, antes da adolescência. Depois, caiu no ostracismo. Só voltou a sentir um pouco de fama, 43 anos depois, interpretando o personagem Tio Funéreo, no filme “A “Família Addams”. Faleceu em 1984.
Pablo Calvo Hidalgo, o Pablito Calvo, aos oito anos, tornou-se uma das figuras mais importantes do cinema espanhol, quando, em 1954, interpretou o personagem principal, no filme “Marcelino – Pão e Vinho”. A obra fez sucesso até a década de 70. Depois, Pablito ainda atuou em outros dois filmes, porém sem o mesmo destaque. Abandonou a profissão. Morreu, em 2002, como engenheiro industrial.
No Brasil, o exemplo mais trágico é o do ator Fernando Ramos da Silva que interpretou, aos 12 anos de idade, o personagem-título, do filme “Pixote – A lei do mais fraco” (1981), considerado, à época, um dos dez melhores filmes do ano.
Depois, passou a viver da fama que o personagem lhe proporcionou. Tentou, mais tarde, a carreira, no Rio de Janeiro, entretanto semi-analfabeto e despreparado, participou apenas de dois filmes, fazendo ponta. Na televisão, também não teve êxito.
Desencantado com a vida artística, Fernando voltou a conviver com os companheiros de miséria e de criminalidade, passando a roubar casas e carros. O ex- ator e mais dois dos seus irmãos foram mortos por policiais, em 1987.

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