A arrogância do padrão Globo
O jornalista Ricardo Noblat costuma dizer que os jornalistas se destacam pela arrogância. “E que nos irritamos com facilidade quando discordam do que dizemos ou escrevemos”. Incluo, aí no rol, a figura do radialista. Um exemplo lapidado da mais pura arrogância e soberba, foi o que ouvi, numa recente entrevista (se, por ventura, aquilo possa ser qualificado como entrevista) do deputado federal Sérgio – “estou é me lixando para a opinião pública” - Moraes ao comunicador Roberto Canazio, da Rádio Globo.
No início da conversa, via telefone, o radialista foi, logo, se posicionando de que era a favor do afastamento do parlamentar da função de relator, no Conselho de Ética da Câmara (caso: processo contra o colega dele, o deputado Edmar Moreira, que ganhou notoriedade por possuir um castelo de R$ 25 milhões, registrado em nome dos filhos).
Ora, nenhum Manual de Redação classifica aquele destempero como entrevista ou a condição de “abrir espaço para a pessoa contar a sua versão”. Depois de muitos sacolejos verbais, como se fosse o dono da verdade, Canazio, finalmente, permitiu que o parlamentar iniciasse sua participação no programa.
E o que se ouviu, a partir daí, foi um diálogo ríspido, recheado de acusações, entre ambos. Muito longe, longe do feijão com arroz, praticado no jornalismo.
É evidente que a mídia está pegando no pé do cara, pela asneira que disse (a expressão vai juntar-se a outras grosserias semelhantes, como: “Estupra, mas não mata”- Paulo Maluf; “Relaxa e goza”- Marta Suplicy). Todavia, a execração pública que o parlamentar está sofrendo não confere ao radialista o direito de promover andamentos de processos. E, muito menos, o de praticar ações de competência da Justiça.
Numa entrevista, o papel do repórter é de perguntador, e só. Caso queira dar o seu parecer, que opine, em outro momento. Nunca no contexto de um encontro com outra pessoa para elucidar e obter certos esclarecimentos.
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