23 de ago. de 2010

Humoristas unidos contra a censura

Rio de Janeiro - Cerca de 500 pessoas participaram, ontem, da passeata Humor sem Censura, organizada pelo grupo de humoristas "Comédia em Pé", na orla de Copacabana, do Rio de Janeiro, segundo dados da Guarda Municipal.


A manifestação contra uma norma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proíbe a veiculação, por rádio ou TV, de entrevistas ou montagens que "degradem ou ridicularizem" candidatos também contou com a presença de diversos humoristas famosos.

Fábio Porchat, do "Comédia em Pé", Danilo Gentili, do "CQC", e Sabrina Sato, do "Pânico na TV", foram os primeiros a chegar. Marcelo Madureira, do "Casseta e Planeta" também esteve na caminhada. Ele usou uma camiseta na qual se lia a frase "Eu ainda não estou morto", em inglês.

Manifestantes fantasiados se uniram aos humoristas e caminharam em direção ao Posto 6, no final da Praia de Copacabana. Porchat disse que o objetivo foi mostrar que o veto a referências a candidatos em programas humorísticos "é um prejuízo para a população, não só por fazer as pessoas pararem de rir, mas também por criar alienação".

"Rubinho, Rubinho", berrava Porchat ao megafone, acompanhado pela multidão, chamando pelos atrasados. Outros manifestantes, com cartazes em punho, gritavam a plenos pulmões: "Um, dois, três, quatro, cinco, mil, queremos liberdade para os humoristas do Brasil!".

"A censura é uma ameaça à democracia. Veja o exemplo da Venezuela", disse Gentili, referindo-se a decisão de um tribunal do país de proibir a publicação de fotografias que mostrem cenas de violência. Foram coletadas assinaturas para um abaixoassinado pedindo a revisão da determinação.

"Essa lei não deveria nem existir", acrescentou o humorista. "Os políticos abriram a ´porta dos desesperados´ errada, e agora os humoristas saíram atrás deles", brincou Sérgio Malandro, referindo-se a quadro de um de seus antigos programas. "Os humoristas não vieram aqui fazer piadas, mas sim para lutar por elas", concluiu o ator Lúcio Mauro Filho.

Determinação

Segundo a norma, a emissora que ridicularizar candidatos pode ser multada pela Justiça em até R$ 106.410, valor que dobra em caso de reincidência.

A norma, que consta da lei 9.504/97 e foi regulamentada por resolução do TSE, vale desde 1º de julho até o fim do período eleitoral.

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