25 de ago. de 2009


Deslize na vida musical
de Raul Seixas


Laurimar Borges


Já no ocaso de sua carreira, quando havia trocado a água ou qualquer outro líquido, pela vodka de qualquer procedência, Raul Seixas morou por alguns poucos meses em Piritiba, pequena cidade do sertão baiano. Lá em companhia dos amigos que lhe concederam a gentileza de hospedagem, a título de descanso e de um possível possível processo de recuperação criativa, Raul se encarregou, mesmo, foi de difundir entre a moçada piritibana o uso, até então desconhecido naquelas bandas, da marijuana. Vale aqui um lembrete às viúvas de Raul, sempre atentas na defesa do velho ídolo; não há na revelação qualquer crítica ou atitude preconceituosa aos seus hábitos de consumo, mesmo porque considero Krig-Há-Bandolo e Gita como vitais ao universo musical contemporâneo, a partir da década de 70, do século passado, e a consolidação do dito rock brasileiro. Nada de Rock in Raul. Tô fora.
Mas, voltando à passagem de Raul por Piritiba. Lá ele conheceu e manteve contato musical com o jovem compositor e cantor Wilson Aragão. Dentre as várias composições mostradas ao velho roqueiro, uma despertou de imediato a sua atenção e interesse, tanto que viria a integrar um dos seus últimos discos gravados em estúdio. A composição é Capim Guiné, que estranhamente aparece nos créditos da ficha técnica como sendo de Raul Seixas e Wilson Aragão. Foi pouco. Aragão merecia muito mais e está a esperar uma outra oportunidade para mostrar o seu talento de grande trovador sertanejo, explicitado em dois discos independentes gravados com recursos próprios e em mutirão com amigos. Mesmo que esta ajuda ou alavancagem da carreira venha de velhos roqueiros decadentes em troca de parceiros imerecidos e ilegais. Ismael Silva, Cartola, Geraldo Pereira, Assis Valente, Batatinha, entre outros,conhecem bem e tristemente este mercado. Mas como nos fala Mário Quintana: “Eles passarão, eu passarinho...”

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