28 de ago. de 2009

Antissemitismo no Estado Novo:
verdades e mentiras


O livro Quixote nas Trevas, do historiador carioca Fábio Koifman, desvenda verdades e mentiras sobre o antissemitismo praticado pelo governo brasileiro ao tempo da II Guerra Mundial (1939/1945). O Quixote nas Trevas, enunciado no título, é o embaixador brasileiro Souza Dantas (1876/1954), que em Paris (já dominado pelos alemães, recusava a cumprir ordens do governo Vargas, na concessão de vistos diplomáticos, salvando centenas de refugiados judeus das mãos dos nazistas. O diploma ficou conhecido como o Schindler brasileiro pela semelhança como herói, retratado no filme de Stven Spielberg. O autor do livro foi entrevistado pela Singular:
Como o senhor encontrou o fio da meada de um personagem tido até hoje na literatura sobre o Estado Novo e os refugiados do nazismo, como um mero coadjuvante?
Na realidade Souza Dantas não foi tratado com mero coadjuvante, menos que isso, ele até foi absolutamente ignorado pela totalidade das obras publicadas sobre o Estado Novo. Acidentalmente, o nome do embaixador aparece vez por outra em livros que trataram do período Vargas. Publicações que abordaram especificamente a questão da migração judaica e dos demais refugiados do nazismo no Brasil, acabaram em algum momento mencionando, de forma muito rápida e superficial, o nome de Souza Dantas, conforme relato no início de Quixote nas Trevas. Mas até esse meu estudo, ninguém tinha se aprofundado nem na trajetória do ilustre diplomata, nem na sua atuação específica de ajuda humanitária aos refugiados que, desesperados, buscavam fuga na Europa.A informação que se tinha, esporadicamente, em ou outro publicação era de que Souza Dantas havia ajudado alguns refugiados. Quantos? Quando? Quem? De que forma?Estas foram as perguntas que procurei responder. A ideia de pesquisar sobre o embaixador surgiu, a partir de um relato que tive conhecimento, de um portador de visto concedido por Souza Dantas, que em 1997 se perguntava que motivo teria levado seu salvador ao completo esquecimento.
E quais razões levaram Souza Dantas ao esquecimento?
As razões que levaram Souza Dantas ao esquecimento não foram produzidas por historiadores de minha geração. Minha geração de historiadores, no máximo, reproduz essa ausência.A ideia que defendo é a de um grupo de admiradores (inclui-se aí historiadores e intelectuais) de Getúlio Vargas seguiram relevando o embaixador a um papel menor (ou nenhum) na história por várias razões. Primeiro por atender à própria vontade de Vargas que, ainda em vida, se viu bastante contrariado com a “indisciplina do diplomata, e jamais o perdoou. Segundo, pelo fato dos atos de Souza Dantas evidenciarem por contraste a indiferença, a insensibilidade e até mesmo a crueldade de outros diplomatas e burocratas que durante os anos críticos para tantas pessoas que buscavam salvar suas vidas, atuaram de forma diametralmente oposta ao embaixador.



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