17 de ago. de 2009



Jorge Amado recebia

dinheiro do nazismo

De quando
em vez, gosto de vasculhar minhas reportagens e entrevistas registradas nos jornais por onde passei. Certa vez, entrevistei Joel Silveira, qualificado por Manuel Bandeira, como o melhor repórter brasileiro. O mestre sergipano, já falecido, é exemplo para gerações do meio jornalístico, pela coragem, sem papas na língua, destemido. Na entrevista que fiz com ele, para o jornal Diário do Nordeste, publicada em 10/03/1996, ele relembrou os tempos, da II Guerra Mundial e espinafrou a atuação de alguns escritores brasileiros, chefiados por Jorge Amado, que trabalhava para um suplemento literário, financiado pelo nazismo. Olhem um trecho da entrevista:

Em entrevista à época (1989) do lançamento do livro Hitler/Stálin – o pacto maldito e suas repercussões no Brasil, de sua autoria e do jornalista Geneton Moraes Neto, o senhor temia que acontecesse o patrulhamento ideológico à aquela decisão de remover o passado. O livro reabria a polêmica sobre a colaboração da esquerda brasileira num jornal pró-nazismo, o vespertino carioca Meio Dia. Após a publicação, o senhor constatou algum tipo de perseguição ou de descontentamento?
A colaboração da esquerda brasileira com o hitlerismo aconteceu logo que foi assinado, em agosto de 1939, o ignóbil pacto germano-soviético. Fruto, principalmente do açodamento mercantilista de certo setor da inteligência brasileira, capitaneada por Jorge Amado e Oswaldo de Andrade, em São Paulo. Na verdade, ao assumir a direção do suplemento literário do jornal Meio Dia, o diário carioca subvencionado pela embaixada alemã, Jorge Amado não pretendia engordar seu insaciável ego mas, principalmente tirar das circunstâncias proveitos materiais. Não esqueçamos que ele foi diretor do suplemento, durante seis meses em que o mesmo existiu, e não nos esqueçamos que era ele que recebia, diariamente, de Herr Etherl, da referida embaixada, o dinheiro para o pagamento dos colaboradores do dito suplemento. Pagamento que raramente fazia, dando outro destino as quantias que recebidas. No referido livro toda essa história mal-cheirosa vem em seus detalhes – e não apenas contada, mas devidamente chancelada com documentos da época dos quais o livro reproduz em fac-simile. Vale destacar no livro, uma entrevista dada por Jorge Amado ao Geneton, em telefonema de Paris. É uma obra prima de cinismo e de despudor.
Joel Silveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário