O Inspetor Geral
Hoje, lembrei-me de uma atividade, no jornalismo, que exercitei por um bom tempo, nas páginas do jornal O Povo: a de crítico de teatro. E dentre os autores teatrais que li, à época, o russo Nicolai Gógol (1809/1852) me impressionou pela atualidade da sua dramaturgia. E tem uma obra especial: O Inspetor Geral. Embora a peça tenha o roteiro baseado numa estória do século 19, continua atual, pois tem como enredo a corrupção que rola solta entre as autoridades de uma pequena província russa.
O inspetor geral chega da capital, inesperadamente, para fazer uma investigação sobre os desmandos e a roubalheira existentes no lugar. Só que o inspetor é um farsante e ninguém percebe que ele é um bom vivã e engana a todos, pois o prefeito o torna como tal agente da justiça e oferece todos as regalias, até sua filha para o charlatão. Somente no final, quando o “inspetor” foge, é que as autoridades percebem que foram enganadas, pois, até então, tinham medo que seus desmandos fossem descobertos. Na última cena, do texto de Gógol é que todos ficam sabendo que o verdadeiro inspetor geral acabara de chegar.
Como o Brasil precisa de um inspetor geral, o verdadeiro, aquele que o personagem Soldado anuncia na última cena da peça de Gógol:
“Senhores! Um funcionário que acaba de chegar de São Petersburgo com ordens especiais, ordena que o procurem imediatamente. Ele está no hotel”.
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