15 de dez. de 2010

LUZES DA CIDADE
Patrimônio histórico: perigo à vista

Em setembro do ano passado, fotografei a fachada de uma residência, localizada na Av. Tristão Gonçalves, entre a Av. Duque de Caixias e a Rua Pedro I, no Centro de Fortaleza. O que me chamou a atenção foi a preservação das linhas arquitetônicas do imóvel, possivelmente construído em meados do século passado. Até elogiei a atitude do seu proprietário em manter as características originais do prédio, diferente, de muitos donos que dilapidam, descaracterizam e até derrubam verdadeiras joias do patrimônio histórico cearense.


Dias depois, passei defronte e percebi a placa de "vende-se". A preocupação logo aflorou aos meus pensamentos: será que o futuro proprietário terá a mesma consciência e preocupação em preservar aquele pequeno pedaço da história arquitetônica da Capital cearense?
Posteriormente, a casa foi vendida.    

O tempo passou, a casa continuou de porta e janela fechadas.

Caso o proprietário siga o exemplo do vizinho, a desgraça estará consumada

 Ontem, mais de um ano depois, descobri o porquê da porta e a janela estarem lacradas. Toda a estrutura interior do imóvel  está sendo destruída, dando lugar a construção de novos compartimentos.  Claro que os órgãos defensores de prédios históricos aceitam redimensionamentos estruturais no interior do imóvel, contanto que a fachada original seja preservada. Isso ocorre em prédios tombados pelo patrimônio histórico. O que não é o caso. É imóvel particular e seu dono não está obrigado a cumprir a legislação defensora de bens patrimoniais.
Pode até ser que eu esteja  me precipitando, chorando antes do caixão do defunto sair, pensando que a fachada do imóvel será descaracterizada. Só que no Centro, por exemplo, a consciência sobre a manutenção da memória urbana é quase zero.  O prédio vizinho, à esquerda da referida casa (certamente construído à mesma época - nota-se arabescos idênticos nas platibandas), teve a janela transformada em porta.
Vou continuar de olho, e também consultar o Patrimônio Público (do Estado ou da Prefeitura) o que pode ser feito. Por exemplo: orientar o proprietário sobre a importância da casa para a memória da cidade.

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