18 de ago. de 2010

Geraldo Vandré, no apogeu da sua carreira, fazendo o povo cantar Para não dizer....

O compositor em 1992, vestido ao estilo militar com um boné da FAB


Geraldo Vandré:

as voltas que o mundo dá

Há 42 anos a música Para não dizer que não falei de flores explodiu no Brasil, como um grito de guerra, principalmente entre os jovens contra a ditadura instalada no País, a partir de 1964. Mesmo perdendo o Festival Internacional da Canção para Sabiá, de Chico Buarque e Tom Jobim (que tomaram a maior vaia da vida, no Maracanãzinho) realizado em 1968, o autor da música, Geraldo Vandré ficou consagrado, eternizando sua composição, cantada até hoje, em passeatas e em movimentos populares.

Só um porém: a letra e o compositor ficaram no imaginário da cultura de massa e na história, o homem, não. Logo depois do Ato Institucional nº 5, o famigerado AI-5 (assinado pelo ditador Artur da Costa e Silva, no dia 13 de dezembro de 1968, fechando o Congresso Nacional, cassando mandatos e impondo censura às artes e à imprensa, prendendo, torturando etc) Geraldo Vandré se autoexilou, no Chile, com medo, pois sua música fazia críticas severas aos militares, e estava na boca do povo.

Ele voltou ao Brasil, em 1973, e aí começou um dos capítulos mais misteriosos na vida daquele que foi um dos personagens mais importantes da história política e musical do País. Ao chegar ao Brasil, ele fez uma aparição no Jornal Nacional, que chocou a esquerda e os simpatizantes. Na entrevista, Vandré defendeu a ditadura e disse que nunca havia apanhado, e foi morar no quartel da FAB. Além de compor o hino Fabiana para as Forças Aéreas Brasileiras, goza de algumas regalias na caserna, entre as quais, pode entrar em qualquer avião da FAB e viaja para onde quiser, sem comprar passagem.

Da vida artística sumiu e quer distância da imprensa, nunca mais deu entrevistas e raramente aparece ao lado de outras pessoas. Vive isolado e se reconhecido, ele não atende pelo seu nome artístico, e faz questão de ser chamado pelo nome de batismo: Geraldo Pedrosa.

Aliás, sua mais recente aparição em público, registrada no You Tube, é a de Geraldo assistindo ao how do sargento Lago, que canta principalmente peças militares, em São Paulo.

Por ironia do destino, no vídeo o sargento interpreta a dita música censurada e odiada pelos militares, à época da ditadura: Para não dizer que não falei de flores. Na filmagem, Geraldo é visto em um canto da plateia, sozinho, e ao final da interpretação, o militar o chama até ao palco. Logo que termina, Geraldo Vandré sai de cena e segue seu rumo misterioso.

Vejam o vídeo, e percebam que quando Vandré aparece pela primeira vez não esboça qualquer reação, e dizem alguns poucos amigos dele, que ele renega completamente o seu passado:


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