15 de jan. de 2010




Jorge Amado recebia dinheiro dos nazistas e não repassava para os colaboradores, segundo Joel Silveira
Minhas memórias
(e as dos outros)
Jorge Amado e a subvenção nazista
De quando em vez aprecio vasculhar minha antigas reportagens e entrevistas, registradas nos jornais por onde passei. Fiz uma, por exemplo, com Joel Silveira (1918/2007), qualificado por Manuel Bandeira como o melhor repórter do Brasil.O mestre do jornalismo brasileiro, sergipano, foi exemplo para gerações pela coragem, sem papas na língua e sempre repórter.
Ele guardava na memória as marcas e as emoções que viveu nos campos de batalhas, durante os nove meses e 11 dias que esteve na Itália, durante a II Guerra Mundial.Na entrevista que fiz com ele (publicada no jornal Diário do Nordeste, em 10/03/1996) ele relembrou a ambientação do front em território italiano, onde atuou a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Como também espinafrou a atuação de alguns escritores brasileiros, chefiados por Jorge Amado, trabalhando para um suplemento literário, financiado pelo nazismo.
Vejam o trecho da entrevista no qual ele aborda o assunto:
P- Em entrevista à época (1989) do lançamento do livro Hitler/Stálin – o pacto maldito e suas repercussões no Brasil (Ed. Record), de sua autoria e do jornalista Geneton Moraes Neto, o senhor temia que acontecesse patrulhamento ideológico à aquela decisão de vocês em remover o passado? O livro reabria a polêmica sobre a colaboração da esquerda brasileira num jornal pró-nazismo, o jornal Meio-Dia. Após a publicação, o senhor constatou algum tipo de perseguição ou de descontentamento?
R- A colaboração da esquerda brasileira com o hitlerismo aconteceu logo que foi assinado, em agosto de 1939, o ignóbil pacto germano-soviético. Fruto, principalmente, do açodamento mercantilista de certo setor da inteligentzia brasileira, capitaneado por Jorge Amado e Oswaldo de Andrade, em São Paulo.Na verdade, ao assumir a direção do suplemento literário do jornal Meio-Dia, o diário carioca subvencionado pela Embaixada Alemã, Jorge Amado não pretendia apenas engordar seu insaciável ego, mas tirar proveitos materiais. Não esqueçamos que ele foi diretor do suplemento durante seis meses em que o mesmo existiu e não nos esqueçamos que era ele quem recebia, diariamente de Herr Ehlert, da referida Embaixada, o dinheiro para o pagamento dos colaboradores do dito suplemento. Pagamento esse que raramente fazia, dando outro destino às quantias recebidas. No referido livro toda essa mal-cheirosa história vem em seus detalhes. E não apenas contada, mas devidamente chancelada com documentos da época, dos quais o livro reproduziu fac-simile. Vale destacar, no livro, a entrevista dada pelo Jorge Amado ao Geneton, em telefonema de Paris. É uma obra prima de cinismo e de despudor.

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