14 de jan. de 2010



Guerra gravada na pele


O filme Tattoo under fire, da documentarista norte-americana Nancy Schiesari, traz um retrato intimista e original do impacto da guerra sobre a atual geração de recrutas. Como cenário, um estúdio de tatuagens, o River City Tattoo, a poucos metros da maior base militar do país. Na reportagem de Dorrit Harazim, publicada na recente edição da revista Piauí, o foco é Fort Hood, a maior base militar dos Estados Unidos.
Em extensão (878 quilômetros quadrados) e população (quase 65 mil homens e mulheres das Forças Armadas, somando-se os agregados). Quem está em Fort Hood carrega embaixo do uniforme doses variáveis de ansiedade, patriotismo, amargura, trauma ou valentia. Foi ali que, na manhã de 5 de novembro passado, um major psiquiatra, às vésperas de ser despachado para a guerra, teve um surto psicótico e fuzilou treze pessoas, além de ferir outras trinta. Coube a uma documentarista e professora de cinema da Universidade do Texas, sem qualquer vínculo com o universo militar, fazer um registro inédito do estado d'alma dos que partem e retornam da guerra. Ao longo de quase quatro anos, entre 2005 e 2009, Nancy Schiesari frequentou periodicamente um estabelecimento com ares de loja de conveniência de beira de estrada, que fica a poucos metros da entrada principal de Fort Hood. Um sinal luminoso kitsch em forma de estrela informa que funciona ali um estúdio de tatuagem, o River City Tattoo. Desde que abriu as portas cinco anos atrás, a dona da loja, Roxanne Willis, quase não consegue fechá-las - mesmo noite adentro há sempre mais um soldado atravessando a rua para marcar o corpo com suas fantasias e assombrações.

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