25 de nov. de 2009


O Comando Vermelho e Lampião

Li, hoje, na revista Imprensa, uma matéria sobre o trabalho do fotógrafo André Cypriano, e que coloco em dúvida algumas informações.O título é Cenas do Crime e que apresenta fotos do profissionais feitas, desde 1993, sobre as manifestações e a presença do Comando Vermelho dentro e fora dos presídios cariocas. A matéria mostra a relação do fotógrafo com os integrantes do Comando Vermelho há quase vinte anos, fotografando as principais comunidades carentes do Rio de Janeiro, atento às referências e á linguagem do CV.O seu projeto ainda não está concluído. E no final da matéria ele diz: “Tem gente que coloca meu trabalho como apologia ao CV, mas não é isso. Eu os vejo como parte da história do Brasil, assim como foram os cangaceiros”. E a matéria finaliza dizendo que o precioso legado deixado pelo Cangaço e por BenjaminAbrahão nos anos 30 do século passado repetem agora, no século 21, André e o Comando Vermelho.Da relação entre o fotógrafo e o Comando Vermelho eu não, só li na matéria que André Cypriano disse que “eles me consideram um membro”. O que é esquisito. Agora, do relacionamento entre o sírio-libanês Benjamin Abraão com o cangaço, e já li vários livros e fiz entrevistas com pesquisadores sobre o assunto.Cheguei a conclusão que havia entre Benjamin, Lampião uma relação obscura (de tráfico de armas e de outros objetos) e de conivência da própria Polícia (os policiais eram chamados de macacos por Lampião). Benjamin, ao chegar a Juazeiro do Norte, no começo do século passado, caiu nas graças do Pe. Cícero, e logo ficou sendo secretário do Patriarca do Cariri. Depois, ficou no ostracismo com a chegada, em 1908, do baiano Floro Bartolomeu, assumindo a assessoria ao padre. Benjamin passou a viver, em Juazeiro do Norte, vendendo objetos, com o apoio de Pe. Cícero, que também acolheu Lampião (em 1926), para o bandido ser incorporado ao Batalhão Patriótico para enfrentar a Coluna Prestes (mas isso é outra história). Benjamin não tinha nada de fotógrafo, não sabia nem utilizar uma máquina. As fotos e o filme que Benjamin fez de Lampião são resultados de máquinas pertencentes ao fotógrafo Adhemar Albuquerque, fundador da Alba Film, que naquela época esteve em Juazeiro para fotografar o padre e seus apadrinhados. Como Abraão tinha trânsito livre junto a Lampião, vendendo armas (talvez da própria Polícia) e outros objetos, Albuquerque montava o maquinário na posição de registrar cenas, e o sírio-libanês só clicava.Ora, se Lampião era o bandido mais procurado do Nordeste, e a Polícia conhecia Benjamin, por que não o usava como chamariz para atrair Lampião? Nunca aconteceu.Depois desses encontros de Benjamin com Lampião, o sírio-libanês foi assassinado, misteriosamente.
Benjamin Abraão, Maria Bonita e Lampião

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