não chegam a um acordo
Certa vez, na Bienal do Livro do Rio, o escritor Ruy Castro disse que no Brasil "o biografado ideal tem ser órfão, solteirão, filho único, estéril e brocha". E ele está cobertíssimo de razão, pois o que tem de herdeiros soltos por aí, cobrando fortunas para autorizara publicação de fatos ou fragmentos da carreira artística não está no gibi. E também, proibindo lançamentos de obras.
O caso mais recente de disputas judiciais aconteceu com familiares de Raul Seixas, o Maluco Beleza, barrando o lançamento de músicas inéditas do músico baiano.
Morto aos 44 anos, Raulzito deixou três herdeiras: as filhas Simone Vannoy, 38 anos e Scarlet Vaquer, 33, que vivem nos Estados Unidos desde criança, e Vivian Seixas, 27, no Brasil. As duas primeiras, frutos da união conjugal de Raul com as norte-americana Edith Wisner e Gloria Vaquer Seixas (hoje Sky Keus), respectivamente; a terceira, fruto do relacionamento amoroso com Angela Affonso Costa, autointitulada de Kika Seixas, procuradora legal da filha Vivian.
Segundo a revista Rolling Stone, deste mês, nos Estados Unidos, as sucessoras de Raulzito defendem o lançamento de vários projetos, envolvendo a obra do pai - muitos dos quais vetados na Justiça por Kika Seixas.
A procuradora de Simone Vannoy, a advogada Flávia Vasconcelos, ressalta que as três herdeiras detêm todos os direitos do autor e conexos relativos à obra de Raul Seixas, assim como os direitos de uso de sua imagem e nome. Na prática, pontua, significa que somente elas podem autorizar ou desautorizar qualquer projeto: "O equívoco ocorre porque muitos consideram Kika como "viúva de Raul Seixas" e, em consequência, detentora de tais direitos. No entanto, como não se casaram oficialmente, ela não é viúva dele". Apenas Simone, Scarlet e Vivian são as legítimas herdeiras.
A polêmica inflamou quando Kika, em agosto passado, vetou a biografia que o jornalista Edmundo Leite escreve há cinco anos sobre Raul. Embora lhe tenha concedido duas entrevistas, Kika voltou atrás radicalmente. Agora não quer mais saber do livro.
Quem também penou para ver publicado o livro Estrela Solitária - Um Brasileiro chamado Garrincha, sobre o lendário jogador das pernas tortas, foi Ruy Castro. Proibido pelas filhas de Garrincha, que diziam defender a "integridade moral" do pai, o livro, posteriormente, foi liberado. Castro é curto e grosso: "Biografia autorizada, é press-release".
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