Quarenta e três anos depois do assassinato do político e guerrilheiro Carlos Marighella, o fotógrafo Sérgio Jorge revelou à revista Imprensa, deste mês, como foi ele fez a foto do fuzilamento de Marighella, na Alameda Casa Branca, pelo delegado Sérgio Fleury. O fotógrafo revelou à Imprensa o esquema da ditadura para encobrir a verdade sobre o assassinato do líder comunista.
O seu depoimento:
"Eu e o Mituo (Shiguihara) chegamos lá uns 30 minutos depois do acontecido . Quando nos aproximamos, o delegado Sérgio Fleury perguntou o que estávamos fazendo ali e mandou que encostássemos no muro e colocássemos as máquinas no chão e não fotografássemos até que ele autorizasse".
"E como estava o Marighella?", perguntou o repórter.
"A porta do fusquinha estava aberta e ele morto ao volante. Não havia quase sangue, tinha apenas um machucado no queixo e sangue em uma das mãos".
"E o que os policiais fizeram?"
"Três pessoas tiraram o corpo e puseram deitado na calçada. Depois de revistá-lo, começaram a colocá-lo no banco de trás naquela posição que todo conhece das fotos".
"Por que você nunca contou essa história antes"?
"Quando saiu a Comissão da Verdade, eu pensei: 'agora posso contar a verdade, porque à época não dava. Eu tinha medo de que alguma coisa pudesse me acontecer e a gente sabe que acontecia".
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