5 de mai. de 2010


Coincidência, plágio, inspirações semelhantes ou qualquer coisa parecida, o certo é que a capa da revista Veja (edição de 14 abril passado) vai na mesma linha de criatividade da charge publicada pelo cartunista Fred Ozanan, em seu blog (fredcartunista.blogspot.com), no dia 6 do mesmo mês.
Agora, o site Comunique-se publica outra mancada da revista:


Antropólogo acusa

Veja de “fabricar” declaração


"O antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, acusa a revista Veja de ter inventado uma declaração sua. De acordo com o pesquisador, a revista atribuiu “mentirosamente” a ele uma frase publicada na reportagem “A farra da antropologia oportunista”, publicada na edição desta semana.

“Seus autores colocam em minha boca a seguinte afirmação: ‘Não basta dizer que é índio para se transformar em um deles. Só é índio quem nasce, cresce e vive num ambiente cultural original’. Gostaria de saber quando e a quem eu disse isso, uma vez que nunca tive qualquer espécie de contato com os responsáveis pela matéria; não pronunciei em qualquer ocasião, ou publiquei em qualquer veículo, reflexão tão grotesca, no conteúdo como na forma”, afirmou, em carta enviada à revista.

Revista nega acusações
A
Veja respondeu ao antropólogo em carta publicada em seu site. A revista nega as acusações e diz que no início de março “fez contato com Viveiros de Castro por intermédio da assessoria de imprensa do Museu Nacional” e, também por assessoria, foi recomendada a ler o artigo “No Brasil todo mundo é índio, exceto quem não é”.

A revista diz ainda que a frase publicada “espelha opinião escrita mais de uma vez em seu texto”. “O antropólogo pode não corroborar integralmente o conteúdo da reportagem, mas concorda, sim, como está demonstrada em sua produção intelectual, que a autodeclaração não é critério suficiente para que uma pessoa seja considerada indígena”.

Tréplica
A resposta da Veja gerou uma tréplica de Viveiros de Castro, que diz que a revista reincide “na manipulação e na mentira; pior, confessam cinicamente que fabricaram a declaração” a ele atribuída. O antropólogo confirma o contato da assessoria de imprensa do Museu Nacional perguntando se ele poderia conversar com os repórteres.

“Respondi que não pretendia sofrer qualquer espécie de contato com esses profissionais, visto que tenho a revista em baixíssima estima e péssima consideração. Esclareci à Assessoria do Museu que eu tinha diversos textos publicados sobre o assunto, cuja consulta e citação é, portanto, livre, e que assim os repórteres, com o perdão da expressão, que se virassem”, afirmou em sua tréplica.

O antropólogo reafirma que a declaração publicada pela revista “grotesca” e nega refletir o seu pensamento.

“Eu digo exatamente o contrário, a saber, que é impossível de um ponto de vista antropológico (ou qualquer outro) determinar condições necessárias para alguém (uma pessoa ou uma coletividade) ‘ser índio’. A frase falsa de Veja põe em minha boca precisamente uma condição necessária, e, ademais, absurda. Em meu texto sustento, ao contrário e positivamente, que é perfeitamente possível especificar diversas condições suficientes para se assumir uma identidade indígena. Talvez os responsáveis pela matéria não conheçam a diferença entre condições necessárias e condições suficientes. Que voltem aos bancos da escola”, rebateu Viveiros de Castro".

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