8 de mai. de 2010

As estradas brasileiras eram um tormento para o Dauphine

Desmancha sem bater

A propaganda do Renault Dauphine assegurava que o primeiro automóvel de passeio da Willys-Overland do Brasil proporcionava confiança e conforto. Só que nas ruas brasileiras, tudo que o Dauphine conseguiu foi o apelido de Leite Glória - leite em pó da época cujo slogan era "desmancha sem bater". Projetado em 1951, o modelo foi lançado cinco anos depois, na França, com a proposta de ser um automóvel barato e de manutenção econômica. No Brasil, ele chegou em 1959, sob licença pela Willys Overland.

O Dauphine tinha motor de quatro cilindros, 845 centrímetros cúbicos de cilindrada e potência de 26,5cv, que tinha o nome de Ventoux. Leve, fácil de dirigir, barato e econômico --- o consumo ficava entre 14,5 e 17 quilômetros por litro ---, o Dauphine se popularizou rapidamente. Um de seus maiores destaques era a suspensão independente Aerostable, com bolsas de borracha cheias de ar que endureciam de acordo com a carga do veículo.

Porém, essa suspensão, projetada para as estradas européias, causou uma série de problemas nas precárias estradas brasileiras da época, e a fragilidade logo rendeu ao Dauphine uma má fama junto ao público brasileiro - foi daí que surgiu o apelido "Leite Glória". Além disso, como o carro capotava com certa facilidade, o bom humor brasileiro novamente não perdoou: Apelidou a suspensão de "Aerocapotable".

O Willys Dauphine sofreu uma série de evoluções de motorização e detalhes de conforto e acabamento durante sua existência --- uma versão lendária, o Teimoso, é considerado como um dos primeiros carros populares do Brasil, com acabamento bastante simplificado e rudimentar para permitir um preço mais acessível. Em 1962, as alterações causaram o rebatismo do carrinho para outro nome com o qual ficou famoso, Gordini- na verdade, nome do preparador de motores e carros de corrida Amedée Gordini, que trabalhava com a área de competições da Renault.

Apesar de tudo, hoje, o Dauphine é, entre os colecionadores admirado e cobiçado, e um dos mais valorizados veículos produzidos no Brasil dos anos 50 e 60 do século passado.


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