Memória desrespeitada
Quem passa pela Avenida Sargento Hermínio, no Bairro de Jacarecanga, defronte a um estabelecimento escolar, fica na dúvida quanto a denominação verdadeira do núcleo educacional, pois o mesmo tem duas nomeadas. A primeira: EEFM Eduardo Campos. A outra EMEIF Sec. Paulo Petrola. Qual das duas denominações está valendo?
Diante de tal incerteza, telefonei para a Secretaria Municipal de Educação e fui informado que a denominação oficial é a homenagem ao professor Paulo Petrola. E que a escola que leve o nome do escritor e teatrólogo Eduardo Campos está instalada no Bairro Sabiaguaba (Rua Sabiaguaba, número 500).
Ora, além do deslize operacional na confusão dos letreiros, a Prefeitura cometeu outra impropriedade contra valores da cultura fortalezense. Eduardo Campos foi homenageado pelas autoridades educacionais, por conta de ser o autor de uma das obras mais importantes na dramaturgia cearense, O Morro do Ouro, inclusive premiada em festivais nacionais, nos anos 60 do século passado, pela Comédia Cearense. Seus personagens fictícios representavam moradores de uma das primeiras favelas de Fortaleza, conhecida como Morro do Ouro, local onde o lixo da cidade era depositado. Por conta das denúncias sociais contidas no texto de Eduardo Campos foi construído, naquela época, um grupo escolar ao lado da favela, na Avenida Sargento Hermínio. Muito justo eternizar o nome do intelectual.
Nada contra homenagear, mais recentemente, a memória do professor Paulo Petrola. Dando-lhe o nome a outra escola, por exemplo. Agora, transferir uma exaltação oficial para outro lugar é algo assim, como se Pelé tivesse feito um gol no Maracanã e o lance lembrado com uma placa. Só que depois, a mesma placa fosse retirada e recolocada em outro estádio.
Mesmo que tal ato municipal tenha tido a anuência da família de Manoel Eduardo Pinheiro Campos, foi atitude de desserviço ao patrimônio cultural de Fortaleza e um desrespeito à memória do ilustre cearense.
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