5 de jan. de 2010

A arte secreta de

Michelangelo

Estou em férias, aproveitando horas de ócio para navegar, também pela leitura de alguns livros. O primeiro da fila é um trabalho surpreendente sobre a obra de Michelangelo, pois os autores, Gilson Barreto e G. de Oliveira, fazem uma leitura fora das abordagens trilhadas pela história da arte. Eles desvendam trilhas nas vísceras do invisível: a elaboração dos projetos pictóricos de Michelangelo.A Arte Secreta de Michelangelo – Uma Lição de Anatomia na Capela Sistina é leitura física do corpo humano, pois para compor as formas anatômicas de seus personagens, o artista dissecava cadáveres, desenhava e redesenhava as complexidades de peles, tecidos e outros elementos do corpo humano.
Em Pietá, por exemplo, a mão direita da madona, que sustenta com força o corpo inerte, tem dedos abertos, evidenciando as costelas de Cristo.


TRECHO DO LIVRO

A representação de uma Pietá – Cristo já descido da cruz – era comum nos Alpes europeus, mas rara na Itália. A encomenda por um religioso francês, fez Michelangelo exercitar seus conhecimentos anatômicos e sua genial noção de espaço. Ele concebeu uma escultura triangular, com 1,74 m de altura, reduziu a figura de Cristo a fim de acomodá-la no manto da Virgem e aumentou o tamanho desta (se fosse colocada de pé, a madona ficaria com 2,13 m). A “fórmula” de compor a imagem de Jesus dentro dos limites do corpo que o sustenta reforça a ligação entre mãe e filho.




A Pietá foi esculpida em pedra branca de Carrara, sem adição de ouro ou efeitos de cores. Michelangelo sabia que as delicadas nuanças do melhor mármore do mundo bastavam para a recriação tanto do calor de uma anatomia viva quanto da frieza de um corpo inerte. ‘A beleza da alma desce na anatomia de um homem, dando-lhe esplendor e significado’, escreveu Antonio Paoluccio em seu livro Le Pietá.

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