4 de nov. de 2009



Elifas Andreato:
Um cidadão brasileiro, genuíno



Na história das artes plásticas justapostas com o jornalismo contemporâneo no Brasil existe um personagem que admiro há muitos anos: o artista gráfico Elifas Andreato. Li, na recente edição da revista Brasileiros, depoimento dele (contundente e corajoso na defesa da cultura brasileira e na sua luta contra o alcoolismo) concedido ao repórter Ricardo Kotscho. Pra quem não o conhece, Elifas Andreato já trabalhou nas principais revistas do País, pertencentes à Editora Abril (Cláudia, Veja, Quatro Rodas..). Ilustrou capas de antigos LPs, verdadeira obras primas de discos de consagrados intérpretes da Música Popular Brasileira (Martinho da Vila, Elis Regina, Adoniram Barbosa...)Nos tempos de chumbo grosso da censura imposta pela ditadura militar, largou a vida mansa e o prestígio que tinha no meio editorial (como editor de arte), e foi ilustrar o jornal Opinião, que heroicamente sobrevivia ante a pressão dos generais-presidentes.Passada a ditadura, Elifas montou um ateliê e lançou uma revista: Almanaque Brasil. E vive em dificuldades financeiras e pessoais para mantê-la.
Vejam que respondeu, quando o repórter perguntou: “Você tem toda uma trajetória vitoriosa ligado à arte brasileira, à nossa história. O que ficou de tudo isso?
- Hoje, eu tenho o Almanaque Brasil, que a minha tribuna, onde eu posso fazer o que gosto. Chega a ser uma coisa meia egoísta, no sentido de que eu tento preservá-la a qualquer preço. Às vezes, recebo conselhos de muita gente: “Pô, desista, cara”. Mas eu não posso viver sem esse espaço para contar a boa história brasileira. Eu escrevi isso recentemente: “Não sei viver sem trabalhar, sem estar dedicando o tempo de vida que me resta ainda à construção do País que eu sonhei para as futuras gerações. E não vou desistir disso, não. Todas as vezes que me bate um desânimo, ou uma crise de alcoolismo, tem uma coisa tão forte nisso, que eu digo para mim mesmo. O alcoolismo não vai me derrubar, embora eu lute contra ele todo o tempo. Quando eu percebo que ele está vencendo a batalha, que ele está me deixando enfraquecido, desanimado e fragilizado, eu corro para uma clínica, me recupero e volto aqui para continuar a minha batalha. Quer dizer, eu me preservo para continuar a minha luta”.

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