20 de out. de 2009


MINHAS MEMÓRIAS
(algumas recentes)

Dr. Miguel Nicolelis

Nessa minha vidinha de repórter já entrevistei muitas pessoas dos mais variados matizes. Já anotei histórias sobre tragédias, sucessos, quimeras... ouvi vencedores e vencidos. A emoção conjugou muitos relatos. Todos registrados pelas máquinas rotativas dos jornais e revistas. Alguns, além de eternizados pelo papel, ficaram em mim, guardados pela escrita da memória.
Lendo, nesta semana, a matéria de capa da revista Veja, O Cérebro do Gênio, com do o neurocientista paulista Miguel Nicolelis, meu pensamento voou para a entrevista que fiz com o mesmo para a Singular, edição de dezembro de 2008.
Miguel Nicolelis é considerado como um dos vinte maiores cientistas do mundo, em atividade e citado como um dos mais fortes candidatos ao Prêmio Nobel, em sua especialidade. Fiz a referida entrevista, pouco tempo depois dele apresentar um experimento científico que ecoou nos quatro cantos do mundo, na comunidade científica: a partir de um laboratório, na Califórnia-EUA, a macaca Aurora fez um robô andar, no Japão, apenas com a força do pensamento.
A descoberto de Nicolelis e sua equipe é o primeiro passo para fazer uma pessoa tetraplégica voltar a andar. Ele é o principal desenvolvedor da Neuroprótese – uma espécie de interface, cérebro-máquina, que liga os neurônios aos nervos, sem precisar passar pela medula.
Sabem minhas caras e caros internautas, o que mais me impressionou, na entrevista, foi a humildade, o desprendimento, o ouvir e responder, pacientemente minhas perguntas feitas, via telefone. Deu trabalho danado conseguir falar com o homem (passei mais de quatro meses tentando o contato) porque ele só vive viajando pelo mundo. Finalmente consegui, num sábado à tarde. E ele foi muito gentil.
Figuraço, o Dr. Nicolelis. E deu uma bela entrevista.
Voltando à matéria da Veja: além da revista citar informações que dei há quase um ano ( pesquisa com a macaca, a proximidade dele ser o primeiro brasileiro a ganhar o Nobel) acrescenta uma informação nova às suas recentes pesquisas: o Dr. Nicolelis ”tem certeza que um dia, com a naturalidade de alguém que pluga um pen drive em um computador, e copia um arquivo ou programa, será possível digitalizar todas as instruções cerebrais do ser humano e gravá-las em um cérebro artificial".
sabe gente: fiquei com uma pontinha de vaidade em ter feito a entrevista com o Dr. Nicolelis , no passado, quando a grande mídia nacional não dava a menor bola para as suas pesquisas e fiz a segunte pergunta, dentro da entrevista:
Quando o senhor apresentou o projeto da macaca Aurora, na Suiça, a maior revista de Ciência do Mundo (a Scientific American) deu matéria de capa e editorial; Por aqui, a imprensa ignorou. Por que um fato de tamanha relevância científica passou batido?
E ele respondeu:
"Porque imprensa dos grandes centros urbanos brasileiros perdeu a capacidade de sonhar e de emocionar".

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