O autor e sua obra |
Na época do lançamento, o Caderno 3 do Diário do Nordeste fez a seguinte observação: “Juntando crônicas que escrevia para jornais e revistas sindicais como a Pérola Negra do Sindicato dos Petroleiros, e para a própria Varal, Arievaldo observou que tudo isso poderia dar um livro. Não precisaria ir longe para encontrar ilustrações bem apropriadas ao contexto das histórias. Contou com o apoio de seu irmão e artista plástico Klévisson, de Jefferson Portela e também deu suas próprias pinceladas, já que trabalha há alguns anos nesta área.”
Um dos grandes méritos da obra foi trazer a tona, de forma pioneira, ‘causos’ de personagens até então anônimos, porém interessantíssimos. É o caso do personagem “Broca da Silveira”, um cara cheio de espertezas que dribla sua condição de nordestino, pobre e semi-analfabeto, para conseguir o que quer. Foi preso e subornou o médico da penitenciária lá de São Paulo para lhe dar um medicamento que ficasse como um morto. Conseguiu, então, embarcar numa urna “funerária” de volta ao seu Nordeste. “A história dele é um misto de 50% de realidade e 50% de fantasia”, afirmava Arievaldo, na matéria publicada em 1999 pelo DN. Além do já citado Broca da Silveira, desfilam também pelas páginas do Baú o irreverente Zuca Idelfonso, o irriquieto boiadeiro Zé Adauto Bernardino e o profeta matuto Zé Freire, autor de uma curiosa oração para arranjar um magote de mulher. O autor conta que numa temporada em Canindé, costumava se embrenhar sertão adentro ou mesmo palestrar nos bares da cidade na companhia do poeta e boêmio Pedro Paulo Paulino. Munidos de papel e caneta e às vezes de um note-book, os dois observavam aquelas figuras bem características. Quando ouviam alguma história interessante, passavam para o papel ou para o computador. Assim, foi ampliando o material para a publicação do livro.
O terceiro capítulo é totalmente dedicado a Literatura de Cordel, o grande forte de Arievaldo, considerado atualmente um dos maiores expoentes desse gênero. O escritor apresenta seus próprios cordéis e outros de parcerias com Jota Batista, Pedro Paulo Paulino, Klévisson Viana e Sílvio Roberto Santos. Também trabalham temas atuais como a clonagem da ovelha Dolly, o encontro de Fernando Henrique Cardoso com Pedro Álvares Cabral nos 500 anos de descobrimento, a história de um poeta que adquiriu uma boneca inflável e até mesmo uma sátira intitulada “Descaminhos das Índias ou o Indiano que casou com uma cachorra”, incluída especialmente na terceira edição da obra.
UM POUCO DA TRAJETÓRIA DO AUTOR
Arievaldo Viana nasceu no Sertão Central do Ceará, em setembro de 1967. Desenha e escreve cordéis desde a infância. Atuou também como radialista de 1985 a 92. Trabalhava em Canindé, fazendo um quadro humorístico com personagens criados por ele, como Salustiano e dona Filismina. Em 1992, veio para a capital e integrou a equipe da Rádio Cidade e também na extinta TV Manchete, onde criou e apresentou o humorístico “Jornal da Caatinga”, em parceria com Cícero Lúcio e direção de Marcos Belmino, o saudoso “Ponhonhón”. Como escritor e poeta publicou contribuições em diversos jornais e revistas, como Varal, Singular, Pérola Negra e atualmente na Nordeste Vinteum, onde mantém a coluna “Sala de Reboco”, relembrando fatos da vida e da obra de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Atua no movimento sindical como chargista e ilustrador desde 1993. É o criador do projeto Acorda Cordel na Sala de Aula, responsável pelo reconhecimento da literatura de cordel como gênero literário indispensável ao ensino, já apresentado através de oficinas e palestras em diversos estados do Brasil. Como escritor, Arievaldo Viana tem mais de 100 folhetos de cordel já publicados e quase duas dezenas de livros pelas maiores editoras do país: FTD, Cortez, Editora Globo, Planeta Jovem, Editora IMEPH, Demócrito Rocha, Armazém da Leitura e Nova Alexandria.
O QUE DISSERAM DA OBRA
“O Baú da Gaiatice” é um livro sério, mesmo tendo como objetivo fundamental divertir e provocar o riso. É que espelha, com denodo e perícia, essa faceta esplêndida da alma cearense de zombar das trapaças da sorte, se divertir em frente da desdita e, mesmo no meio da noite mais tenebrosa, transportar em sua essência anímica os raios incandescentes da aurora.”
(Juarez Leitão, escritor)
“Arievaldo Viana é um “velho” poeta popular de trinta e três anos. Velho pela maturidade de seus versos, pelo muito que tem observado, acumulado e repassado em termos de cultura popular. Seu gosto pelo popular, despertado desde cedo - ainda criança - foi caldeado e sedimentado em Quixeramobim e Canindé, no telurismo desses dois territórios mágicos. As muitas leituras de folhetos, na infância, as muitas noites no “sereno” de cantorias, imprimiram-lhe na alma o gosto pelo estilo dos bons tempos - do tempo dos grandes poetas do cordel, sem contudo pretender imitá-los. É fecundo. Jovem (um “velho” poeta de trinta e três anos), é autor de várias dezenas de folhetos. Respira, vive poesia popular. Como poeta popular, poder-se-ia dizer que sofre de incontinência poética.”
(Ribamar Lopes, poeta e pesquisador da poesia popular, em dezembro de 2000)
“Se alguns resquícios etílicos ainda me afetavam o fígado, foram definitivamente curados. Tudo por conta do "Baú da Gaiatice", de Arievaldo Viana, que lí de uma tirada só no último fim-de-semana. Ri a bandeiras despregadas com os "causos" colhidos no filão riquíssimo da cultura popular em suas diversas vertentes, a sertaneja, em primeiro lugar, a suburbana e a anedótica nascida nos meios mais intelectualizados. Tudo seria vulgar não fosse a capacidade própria de Arievaldo no saber contar, dando a cada estória o seu toque pessoal, a sua graça de humorista.”
Blanchard Girão, jornal O ESTADO, junho de 1999)
SERVIÇO:
O Baú da Gaitice, 3ª Edição
Editora Assaré / Prêmius
220 páginas ilustradas
Preço de capa: R$ 25,00Preço especial de lançamento: R$ 20,00
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