Morte de Tolstoi inaugurou
“show” midiático
O padecimento e as sequelas de doenças que transtornam a vida do ex-presidente José Alencar estão sendo registrados pela mídia. É raro o dia em que o doente não aparece no leito, sofrendo e respirando com ajuda de aparelhos, tendo ao lado figurões (sorridentes) da República. A mais recente coadjuvante foi a presidente Dilma Rousseff. Esses “shows” midiáticos produzidos durante enfermidades e mortes de personalidades não são invenções recentes. Esse tipo de cobertura jornalística foi inaugurado no começo do século passado, em setembro de 1910, na Rússia, mostrando o sofrimento e o enterro de Leon Tolstoi. Os últimos dias e o enterro do autor de obras primas da literatura mundial, como Ana Karenina e Guerra e Paz, tiveram outros ingredientes (familiares) além da fama de Tolstoi. Nos derradeiros dias de sua vida, o escritor distanciou-se da família, indo primeiro morar num mosteiro, depois embarcou num trem, acompanhado da filha Alexandra e de um criado. Já com a saúde abalada, foi obrigado a descer na pequena cidade Astapovo, sendo acolhido pelo agente da estação. Representantes da imprensa convergiram para a delegacia do lugar, onde Tolstoi estava doente, transformando a sua morte em um evento de mídia febril que surpreendentemente antecipava em dezenas de anos as coberturas de hoje, sem limites, de momentos de sofrimento e de morte de celebridades.
Vejam o vídeo sobre Tolstoi:
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