21 de fev. de 2010



Orgulho de uma família sobralense

O jornal O Povo - matéria do repórter Bruno Balacó- resgatou a história da família do patinador Florent Amodio, cearense adotado ainda bebê por um casal de franceses e que representou o país europeu nas Olimpíadas de Inverno.
Foram quase dezoito anos de vazio e ausência de qualquer informação. De repente, o nome de que todos falavam na TV e nos jornais nos últimos dias pôs fim ao silêncio. Francisco Thiago dos Santos, menino pobre nascido na maternidade da Santa Casa de Sobral, no dia 12 de maio de 1990, criado no primeiro ano de vida em uma humilde casa da periferia da cidade, ressurgiu. Agora como uma nova identidade: Florent Amodio, o jovem de 19 anos que participou das disputas da patinação artística nas Olimpíadas de Inverno de Vancouver, no Canadá, esta semana. Demorou um pouco para a ficha cair, mas o garoto comentado por todos era o filho que a sobralense Delfina Antônia dos Santos teve que abrir mão um dia. O Povo foi a Sobral, distante 250 quilômetros de Fortaleza, e resgata em primeira mão as raízes do patinador franco-brasileiro. Na cidade, encontrou a família de Florent Amodio. E a mãe relembrou o momento da difícil escolha de entregar o filho para adoção.
``Eu era mãe solteira (o pai da criança morava em Fortaleza e morreu há sete anos) que não trabalhava e que dependia da irmã. Tinha outros dois filhos. Uma ainda mamava e outro já estava mais grandinho, forte. E o Thiago era o que mais precisava de uma vida melhor. A única saída foi entregá-lo para alguém criar``, rememora Delfina, de 38 anos, que hoje trabalha como merendeira em uma distribuidora de cigarros da cidade. A irmã que ela cita, Rosa dos Santos, hoje com 50 anos, foi quem cuidou de tudo. Encontrou no fórum do município a advogada Fátima Torres, que mediou todo o processo de adoção. E o perfil de Thiago batia exatamente com o que um casal de franceses procurava: um menino com pouco mais de um ano. Depois de concluídas as apurações sobre o passado dos interessados na criança, o processo avançou até culminar na guarda provisória. Chegava então o momento mais difícil: a despedida. Momento doloroso Um momento doloroso, mas necessário. ``Foi para o bem dele. Se não tive ido hoje ele seria no máximo um balconista de loja aqui. Graças a Deus ele teve uma boa criação e é isso que todo mundo está vendo``, diz, sem arrependimentos, a mãe do atleta famoso. A tia Rosa, que ganha a vida vendendo bilhetes de loteria, também recorda esse momento. ``O Thiago não entendeu o que acontecia, mas aceitou o que a gente pediu a ele: -Vá-. Esses são os seus novos pais``, revive a tia, que hoje, assim como família, comemora a ascensão do filho ilustre de Sobral.

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