Há 30 anos, "Coisas Eróticas" driblava a censura militar e chegava ao cinema. Foi o primeiro pornô rodado no Brasil. O longa-metragem, de Rafael Rossi, foi além das pornochanchadas: tinha cenas de sexo explícito, lesbianismo e de cara limpa. Em 1982, o Brasil vivia a abertura política, mas mesmo assim a censura nas artes continuava. Toda a produção cinematográfica tinha que passar pelo crivo da Divisão de Censura de Diversões Públicas e receber o selo de aprovação. Por um deslize da censura, somada a esperteza do diretor Raffaele Rossi, um italiano radicado em São Paulo, o filme passou. Em fevereiro de 1982, Rossi recebeu um documento vindo de Brasília sobre seu filme. Nele, os censores ordenavam que o longa-metragem, dividido em três histórias, tivesse o seu "segundo quadro" cortado por inteiro. Eles se referiam à segunda história toda, a mais tórrida, que continha palavrões, sadomasoquismo, homossexualismo e sexo grupal. Só que o diretor se fez de bobo. Tomou o termo "quadro", como quadro mesmo, ou seja um fotograma (cada impressão fotográfica, algo aquém de 1 segundo).
Com essa diminuta alteração, "Coisas Eróticas" foi reinviada à DCPD, que liberou sua veiculação comercial. Foi um estrondo de sucesso em todo país. Em quase três anos de exibição, o filme foi visto por mais de 4,7 milhões de espectadores, público superior ao de "Carandiru", "Cidade de Deus" e "Se eu fosse você". Trata-se da 13ª maior bilheteria do país, segundo dados de 2011 da Agência Nacional de Cinema (Ancine).
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