3 de dez. de 2011

Lembranças natalinas
Xico Sá , cabra arretado de bom, (inclusive já publiquei na edição impressa da Singular um texto de sua autoria- com a devida permissão-  sobre Waldick Soriano) escreveu no seu blog uma crônica beleza sobre confraternização natalina. O texto do jornalista está um primor, por isso reproduzo aqui pra vocês:

Como dar vexame na festa da finarrrma
Ih, dezembro mostra a sua cara com a sensação de 2011 que já vai tarde.
E com todo aquele climão de confraternização, verdadeira ou falsa, entre os povos.
Amigo secreto, presente para a tia que só vemos neste momento e nos velórios da família...
Uma beleza.
Mas nada como a festa da firrrma, aqui com o devido sotaque bandeirante.
Como sempre alerto cronicamente a essa altura do ano, todo cuidado é pouco com a festa da firma.
Amigos, nos meus tantos anos de carteira assinada já vi de tudo um pouco em matéria de celebrações do gênero.
Tédio para uns, boca-livre dionisíaca para outros.
Fim de ano, aquela animação, nervos à flor da pele, a vida assim meio Roberto Carlos, meio Almodóvar.
A vida assim 100% Nelson Rodrigues, enfim, a vida simples, religiosa, cafona, brega como ela é.
A vida sem mistificação ou assepsia, a vida que não lava as mãos a todo instante.
A vida explícita na festa da firrrma.
Alguém querendo bater no chefe que o humilhou o ano inteiro,  alguém querendo comer a gostosa do telemarketing.
O cenário certo,  na graduação alcoólica certa, na boca-livre perfeita para um elemento cometer alguma desgraça ou crime de primeira página.
Pequenas histórias acumuladas o ano inteiro. O chefe do departamento pessoal sempre jurado de morte, alguém tramando contra o sócio, maior regabofe. 
Hora do acerto de contas.
Todo cuidado é pouco, caros bebedores amadores, com a festa da firma.
Sério.
A melhor cena que vi foi numa farra do “Notícias Populares”, o glorioso e sanguinolento “NP”, de saudosa memória, que bateu as botas gutenberguianas como os presuntos que exibia em suas páginas.
Imaginem uma linda e desgostosa -com o marido canalha!- secretária.
Pensaram?
Terceira caipirinha. De alguma fruta exótica. Mulher adora uma novidade.
Música, maestro.
Toca uma faixa capaz de fazer de uma madre superiora uma Madonna, capaz de fazer de qualquer entrevado um Elvis, um Elvis em Acapulco cantando na beira da piscina do Hilton Palace .
Toca algo assim como um cha-cha-cha, um mambo, Célia Cruz.
Quarta caipirinha.
O chão é pouco para os passos da pecadora.
Ela sobe na mesa.
Antes, beijara na boca, sem discriminação de classe, do diretor ao contínuo.
Quinta caipirinha.
A blusa não resistiu ao gole. O sutiã foi parar na cabeça do tiozionho do arquivo.
Sexta caipirinha acompanhada de uma cerveja mexicana: foi-se quase tudo. 
Imagine a ressaca moral coletiva no dia seguinte.
Fica o alerta: na  festa de firma o mais tímido e sonso dos mortais dubla Carmem Miranda e passa a mão na bunda do chefe, só pra quebrar a hierarquia pelo seu ponto mais, digamos assim, inviolável.

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